terça-feira, 24 de julho de 2012

Matéria completa de Justin Bieber nas páginas da nova edição da Rolling Stone


Justin Bieber ocupou as prateleiras de bancas norte-americanas na última sexta-feira com o lançamento da nova edição da revista Rolling Stone, que aborda grande vazão a sua nova fase adolescente. Ao longo do mês divulgamos aqui novos detalhes da matéria do cantor na magazine, e agora você a lê na íntegra traduzida por nossa equipe. Clique em “mais informações” e informe-se.

O Calabasas Country Club é um bom lugar para uma celebridade que não quer ser vista: exclusivo o suficiente para ter um guarda e um portão, mas não atraente o suficiente para ser um imã de paparazzis. Os salários iniciais aqui giram em torno de modestos $25.000, chegando aos mais formidáveis $150.000 ou mais pela estrada de Sherwood, onde suas maiores estrelas – seus Timberlakes, seus Pinkett-Smiths, seus vários Kardashians – gostam de jogar. E então, nessa manhã de terça-feira quente e agradável, ao invés de Britney Spears estar se bronzeando na piscina, o maior drama se desdobrando em Calabasas é se as duas senhoras de viseiras e tênis em frente à sede do clube serão capazes de completar seu quarteto. “Doris não pôde vir,” uma delas está falando, “Beverly não pôde vir…”


Mas então, uma explosão de excitação. Um Range Rover preto fosco com a placa de Georgia, fazendo barulho no estacionamento com músicas de Drake e motores à jato. O carro foi um presente de aniversário para seu dono; suas iniciais, J.B., estão pregadas em cristal no painel. (Se você olhar bem de perto, você também pode ver um amassado no pára-choques dianteiro onde ele bateu num buraco na entrada da garagem de sua namorada.) E, assim, com a característica leveza, Bieber faz sua entrada. “E aí?” ele diz, com seu sorriso de mil megawatts totalmente ativado. “Sou o Justin.”


Bieber começa a ir até o campo, com sua equipe atrás dele. Tem o seu chefe da segurança, Moshe Benabou, um antigo soldado da Força de Defesa Israelense com um aperto de mão parecido com um compactador de lixo, que provavelmente sabe oito jeitos diferentes de te matar sem deixar marcas; Ryan Good, diretor criativo de Bieber e “treinador de swag,” que usa jeans pretos e tênis de cano alto, mesmo estando 32°C e ele estar num clube de golfe; e Kenny Hamilton, um DJ-de-rádio-meio-empresário-de-turnê e guarda-de-todos-os-lugares, que acompanha Bieber em todos os locais e tem ele salvo em seu celular como “Sobrinho.”



Você pode ter escutado os números de Bieber – as 375.000 cópias que seu novo álbum, Believe, vendeu, fazendo dele o maior lançamento do ano; os 25 milhões de seguidores no Twitter, perdendo apenas para Lady Gaga; seus 45 milhões de fãs no Facebook, mais que Mitt Romney e Barack Obama juntos. Mas você sabia que isso tudo começou com um jogo de golfe? Voltando ao tempo que ele estava crescendo em Stratford, Ontario, Bieber era um membro do curso municipal. Ele jogava quase todo dia no verão; ele diz que sua vantagem era um muito respeitável sete. E um dia, como ele escreveu em sua autobiografia de 2010, First Step 2 Forever: My Story, “Eu queria jogar golfe com meus amigos… mas eu não tinha dinheiro.” Então ele pegou seu violão e começou a tocar nos degraus de um teatro local, esperando ganhar $20, o suficiente para uma partida. Ele chegou em casa com $200, assim como uma nova carreira.


Cinco anos depois, o fenômeno não mostra nenhum sinal de abatimento. Garotas adolescentes ainda estão acampando em barracas por dias afim de conseguir bons lugares em seus shows; em maio, uma performance no alto do Oslo Opera House provocou um tumulto que feriu 49 e teve uma ameaça da polícia norueguesa de declarar estado de emergência. Qualquer dia desses é de se esperar que a Gates Fundation anuncie que desistiu da malária e vai transferir o foco e os recursos para curar a Bieber Fever. Até o jornal, The New York Times, fez uma matéria de mais de 2 mil palavras sobre sua pequena cidade natal, dando destaque à sua escola Stratford Northwestern, e Scooper’s, sua sorveteria favorita.


No meio de toda essa atenção, Bieber vive uma vida que é designada a maximizar sua visibilidade e minimizar sua atual exposição. Ele raramente sai por muito tempo sozinho, e viaja normalmente em sua Range toda preta ou em sua van Mercedes Sprinter, um grande centro de diversões em versão móvel onde ele pode jogar PS3 ou trabalhar em músicas enquanto está no trânsito da 405, e depois abrir portas e rolar até sua próxima ocupação, correndo de lugares a outros e cobrindo seu rosto como um astronauta que perdeu seu capacete. “Eu amo o que faço,” ele diz. “Eu amo me apresentar, eu amo ser famoso. Eu só não gosto das fotos e tal.”


Mas hoje é um bom dia: O sol está brilhando, as bolas de golfe sendo desembaladas, nenhum sinal de Beliebers. Hoje Bieber pode relaxar e curtir. Agora ele está no campo, se aquecendo. Ele está vestindo um boné do Chicago Blackhawks (“Eu sou na verdade meio índio,” ele diz – “Eu acho que sou um Inuit ou algo assim. Sou uma porcentagem suficiente para ter gasolina de graça no Canadá”), uma blusa de meia manga azul e uma bermuda cáqui que cai até o final de sua bunda. Bieber é mais alto do que você pensa – mas não podemos dizer que é alto – e acima de seu lábio há vestígios de um bigode.


No campo, as coisas começam um pouco feias. Na primeira rodada, Bieber atinge um lado ruim da bola, que acaba nas árvores. Tentando sair dessa, ele faz uma tacada extremamente sem sorte que bate num pedaço de madeira e volta para onde estava. Moshe começa a rir, até que Bieber lhe atira um olhar frio. (“Ele é muito competitivo,” Kenny diz.) Na hora que ele acerta, ele acumula oito pontos. Ryan pergunta quanto ele tinha, e ele pensa por um segundo. “Sete?”


Mas no segundo buraco, ele começa a achar o seu ritmo. Ele está no campo com duas tacadas e dois ‘putts’ para um ‘par’. “Par pro JB!” ele diz, comemorando pelo ‘par’. “Par pro JB! Swag!” Quando ele acaba com tudo no próximo buraco e joga a bola gritando na grama, ele pede uma segunda chance, e depois acerta uma linda tacada curta para uma ‘birdie’. “Swag! Swag! Swag!” ele diz, saltando e segurando sua bermuda. “É disso que eu estou falando!” Ryan diz alguma coisa em voz baixa sobre sua primeira tacada e Bieber zomba dele. “Saia daqui. Eu mereço isso. Isso foi demais.” (Mais tarde, quando eu pergunto por que ele não falou mais alguma coisa, Ryan ri. “Você viu o quanto ele estava feliz? Isso teria acabado com ele.”)


Bieber continua jogando em alguns outros buracos. Ele recebe uma ligação de alguém, que é quase certo de ser Selena Gomez, sua namorada (ele diz “eu te amo” no final). Ele mostra uma foto que Rihanna acaba de postar no Instagram dela beijando alguém com uma máscara de Justin Bieber (“Olha isso,” ele diz, animado. “Isso é swaggy, irmão”). Ele faz umas pegadinhas saudáveis, batendo com o carro de golfe de Kenny e abrindo uma bolsa de tacos que acaba sendo a dele mesmo. (“Eu acho que preguei uma peça em mim mesmo,” ele fala depois deles caírem pelo campo.) Ele parece estar se divertindo muito – até o momento do quinto buraco, quando Ryan olha para cima e fala: “Como eles estão aqui?”


Em uma colina, do outro lado de uma cerca, dois paparazzis estão tirando fotos com lentes telefoto. Alguém do clube deve ter os expulsado. O humor de Bieber escurece.


Ele já teve má sorte com fotógrafos ultimamente. Algumas semanas antes, ele e Gomez estavam saindo de um filme quando se meteram numa discussão com um paparazzi que estava bloqueando o caminho deles. Bieber supostamente deu um soco; a investigação ainda está em processo. Algumas semanas depois do jogo de golfe, ele foi multado por estar correndo muito numa auto-estrada enquanto alegava estar fugindo de outro paparazzi. O pobre garoto não pode nem dar de cara com um vidro – como já fez, duas vezes – sem estar nas manchetes pelo mundo inteiro. “Ninguém jamais cresceu como Justin Bieber,” diz seu empresário, Scooter Braun. “Nunca, na história da humanidade.”


Moshe sai de seu carrinho e corre até os fotógrafos, discando o número do xerife de L.A. com uma mão e gesticulando irritado com a outra. Há um pequeno impasse enquanto Bieber termina a partida e os paparazzis vão embora. Mas então Bieber decide fazer alguma coisa por suas próprias mãos. “Veja,” ele diz. “Eu vou explodir uma neles.”


“Justin tem dois lados,” diz Braun. “Por um lado ele é provavelmente o adolescente mais maduro e consciente do planeta. E por outro lado ele é uma pequena criança – tipo, literalmente, uma criança.” Agora, a criança está tirando seu taco nove e colocando uma bola em seus pés. A equipe se move como se fossem pará-lo (Kenny: “Ainda é um caso aberto, ainda é um caso aberto!”), mas ninguém para, Bieber se afasta e atira a bola na cabeça dos fotógrafos – a melhor foto do dia, se eles não estivessem muito ocupados desviando – e depois vai até seu carrinho e volta à sede do clube.


“Eles não eram para estar aqui,” ele reclama no caminho. “É uma propriedade super privada.” Então ele percebe que há mais três fotógrafos empilhados no campo. Ele cobre o rosto com o boné de baseball e dirige sem enxergar por um tempo, sem dúvidas violando todos os tipos de regras, depois de alguma forma milagrosa chega à salvo na sede do clube. “Como foi?” um oficial do clube pergunta.


“Hum, não muito bem,” Bieber diz diplomaticamente. O cara pergunta se Bieber vai jogar a próxima rodada e ele balança a cabeça. “Nós provavelmente nunca mais jogaremos aqui de novo,” ele diz sussurrando – parecendo não tão irritado quanto desapontado. Ele tira sua luva e começa a guardar as coisas para ir embora. Então, de algum lugar, o cara de eventos especiais do clube aparece, segurando uma pequena câmera.


“Ei, Justin?” ele diz. “Antes de você ir – podemos tirar uma foto?”


Na tarde seguinte, Bieber está em Burbank para gravar um episódio do The Tonight Show. Na hora que ele chega, por volta das 13h45 em sua van Sprinter, ele está praticamente uma hora atrasado. Ele está usando uma blusa branca e óculos 3D vermelhos em formato de coração, que ele ganhou na noite depois da premiere do documentário de Katy Perry, Part Of Me (basicamente uma tentativa de recriar o sucesso mundial de 100 milhões de dólares do documentário do próprio Bieber, Never Say Never, um pedaço impiedosamente edificante de “pop-aganda” que em termos de criação heróica é rival de O Triunfo da Vontade).


Bieber teve uma noite agitada, mas não tão agitada quanto poderia ter sido. Seguido da premiere, ele foi para a pós-festa com Perry, Gomez e a estrela de Crepúsculo, Robert Pattinson. Mas quando ele percebeu que estava numa boate, ele decidiu ir pra casa. Ele acabou de fazer 18 anos em março e apesar de festejar com Mike Tyson e Kim Kardashian e ganhar um relógio de ouro Rolex Daytona de seu advogado, ele não quer ser visto embriagado em público. Ele tem aproveitado outros lados da maioridade, mesmo assim: Uma coisa, ele é dono de uma casa agora. Ele recentemente comprou uma mansão de sete quartos, 9 mil metros quadrados em Calabasas que pertencia à ex-mulher de Eddie Murphy e veio com uma sala de jogos, um cinema e uma adega que ele não pode usar legalmente por mais três anos. “É muito legal,” Bieber diz. “Não muito grande, não muito pequena. Perfeita para minha primeira casa.’”


Essa manhã, Bieber acordou por volta das 11, saiu da cama, suou numa malhação rápida de 25 abdominais e 50 flexões, desceu as escadas e comeu uma tigela de Frosted Flakes, andou um tempo de skate na rampa de seu quintal, sentiu calor, mergulhou na piscina, voltou para dentro de casa e tomou uma choveirada, depois veio para o estúdio de TV. Agora ele está sentado em seu camarim, aproveitando um Big Mac e um McFlurry de Oreo, e dedilhando seu violão.


Bieber começou a tocar violão quando tinha seis anos. Ele é canhoto, então ele aprendeu primeiro de cabeça para baixo, como Jimi Hendrix. Seu pai lhe ensinou um pouco, mas a maioria ele aprendeu escutando, do mesmo jeito que ele descobre as coisas hoje em dia. “Você conhece essa?” ele diz, dedilhando algumas cordas. “É ‘Sweet Child O’ Mine’!” Ele toca de novo e certamente, toca algumas notas e faz isso duas vezes mais rápido, e ele acerta em cheio.


Rapidamente há uma batida na porta, Jay Leno entra. “E aí, grande garoto?” Ele diz. “Como você está?”


“Hey, cara!” diz Bieber. “Muito obrigado por me receber.” Eles visitam por alguns minutos – Leno diz que recentemente comprou um Cadillac como o do Bieber (“Mas você tem o automático, eu tenho o pesado”), e o apresentador deixa o local. “Que cara legal”, Bieber diz após ele ter ido. “Ele faz isso antes de todo show. Na última vez, ele trouxe flores para minha mãe. Letterman não faz isso.”

Bieber estava no Letterman uma semana atrás, e não foi bem. Em um ponto o apresentador notou sua nova tatuagem, a palavra ‘Believe’ em seu antebraço esquerdo e experimentou dizer à ele sobre deixar seu corpo parecido com a Capela Sistina. “Não vou ficar parecido com a Capela Sistina.” Bieber disse, para a alegria de David Letterman.


(“Eu sabia o que era…” Bieber diz esta noite. “Eu estava fazendo uma brincadeira.” Brown contudo, suspeita: “A pobre criança não tinha ideia. Eu vi o tutor no dia seguinte e estava tipo ‘mesmo’?”)


Logo é hora do Bieber ficar pronto. Sua cabeleireira, Vanessa, tira sua blusa e o senta em uma cadeira de maquiagem enquanto joga modela seu cabelo com spray. Enquanto seu estilista passa sua camiseta e conta à ele sobre as luvas que usará hoje – muito macias, porque são feitas de couro. “Feitas de couro” Bieber repete vagamente. Ele pergunta quem é o outro convidado, alguém diz Mila Kunis. “Mila Kunis está aqui?” Ele diz, literalmente pula da cadeira. Então todos afirmam e ele liga para sua avó.


Em seguida é hora de sua apresentação. Bieber está cantando seu single ‘Boyfriend’, um estilo como o do Timberlake para preencher lacunas com versos do tipo “Eu poderia ser seu Buzz Lightyear” e encantar as mulheres com “Relaxando perto do fogo enquanto comemos fondue”. Falando do quê? Ele realmente comeu fondue? “Eu comi o de chocolate com morangos e coisas assim.” Ele diz, “Não o de queijo. Quem come o de queijo se não idosos de Paris?”


Bieber vestido com uma espécie de colete jeans, jaqueta de couro, apresenta a música para a platéia do programa, com Leno e Kunis assistindo atrás das câmeras. Em um ponto ele faz um impulso pélvico e o queixo de Kunis cai. Depois, ele permanece no corredor quando uma das pessoas da equipe do programa chega perto carregando o urso do filme Ted, o qual Mila está aqui para promover. “Isso é para mim?” Bieber pergunta animadamente. Ela diz que infelizmente esse é o único, mas com certeza consegue um para mais tarde se ele quiser. “Sim, por favor.” Ele diz.


Quando Kunis aparece, Bieber rápidmente fica fofo. “Hey, e aí!?” Ele diz, andando para um abraço. “Gostou da apresentação?”


“Oh meu Deus, foi muito boa.” Ela diz. Ele cora. Então, “Posso te pedir um favor?”


“Claro” Bieber diz, parecendo ansioso. Ela pega o celular. “Você poderia tirar uma foto com meu companheiro de quarto?”


Esse novo álbum está suposto a solidificar Bieber como adulto, não apenas como popstar adolescente com aparência de adulto para fãs. “Não estou fora da adolescencia.” Bieber diz, em um tom que sugere que ele está muito fora da adolescência. O objetivo é uma carreira como a do Michael Jackson ou do Justin Timberlake. Estrelas crianças que se tornam ainda mais famosas quando adultos. Mas ambos, Jackson e Timberlake eram mais novos do que vinte anos quando lançaram seus álbuns que demonstraram maturidade “Off the Wall e Justified”. Agora, Kunis continua olhando para o Bieber da mesma maneira como Bieber olha para Ted. O pré-adolescente que está comprando todos seus ingressos e noemeando seu (como ele coloca) “área genital.” “É Jerry.” Bieber diz, rindo. “Meus fãs são loucos.”


No estacionamento, uma dúzia de seus fãs loucos estão acumulados para um show acústico pré-planejado de Bieber. Mas falando com Braun fora de seu camarim, Bieber tem alguns limites. “Então não sei como você espera que isso realmente acabe.” Ele diz.


“Fizemos isso na primeira vez que viemos aqui.” Diz Braun. “Você estará no estacionamento, abriremos a van, os fãs ficarão do lado de fora e você cantará uma música.”


“Mas sinto que com todos esses fãs lá fora, vai ser louco.”


“Ficará tudo bem.” Diz Braun. “Eles escutam você.”


Bieber faz careta. “Não escutam, sério.”


Alguns minutos depois, Bieber está na van, pedindo silêncio com seu diretor musical, um jovem canadense que se chama Dan Kanter – enquanto as garotas lá fora se cotovelam para chegar perto. “O próximo carro que conseguirmos, faremos isso como o papa.” Moshe diz. “Vidro à prova de balas.” Kanter pergunta para ele o que ele quer cantar e Bieber olha para ele como se ele estivesse louco. “Boyfriend”, ele resmunga. “O que mais eu cantaria? Baby?” 


“Talvez você devesse cantar Crazy Train.” Kanter diz. Ele começa a dedilhar as cordas e Bieber acombanha. “Crazeh!” Ele diz. “That’s how it go-o-oes….” Soa muito bom. Kanter troca para a música ‘Fade to Black’ do Metallica e Bieber começa a cantar a parte da guitarra – da na na na na na na do do doooo. “Eu costumava adormecer com essa música!” Ele diz. Então ele muda para ‘One’, batendo o pé no chão de acordo com o rítmo. “Hold my breath as I wait for death!” Kanter começa. “Amo esse garoto.”


Embora no final Bieber apenas canta Boyfriend. As garotas cantam cada palavra.


Alguns dias depois, Bieber quer almoçar. “Normalmente ele não almoça durante entrevistas.” O jornalista diz. “Mas ele precisa aprender que está crescendo.” Ele escolheu seu lugar favorito para se encontrarem, um lugar na cidade do estúdio chamado Sushi Dan.


Bieber se irrita com qualquer sugestão de que ele ainda é uma criança. “Scooter não me comprou isso.” Ele cerra os dentes um dia quando alguém erra dizendo que a van foi um presente de Braun. “Eu a comprei”. (O carro que Braun o comprou foi um Fisker Karma, de 100.000 dólares, carro esportivo, aquele no qual ele estava andando a 130 km/h quando foi parado.) Há menos de dois anos atrás, Bieber estava usando um aparelho invisível e lençóis do Homem Aranha em seu ônibus de turnê, mas ele diz que desde que fez 18 anos, começou a se sentir como adulto. “Me sinto mais responsável, tendo que fazer as coisas sozinho.” Ele diz. “Tenho que assinar mais coisas. Antes, minha mãe assinava as coisas.” Embora não seja grande trabalho. “Estive assinando meu nome desde os 13 anos.”


De acordo com Braun, Bieber tem dois compromissos via telefone toda semana: um com seu advogado e outro com seu empresário de negócios. Isso é especialmente importante agora que ele tem 18 anos e mais controle sobre seu dinheiro. “O dinheiro sempre foi meu.” Bieber diz. “Era só caso de confiança onde eu não poderia sair e gastar tudo. Agora a confiança continua, mas o dinheiro está disponível para ser retirado se eu quiser.”


Então, isso significa que mais alguém tem o controle sobre isso?


“Ninguém tem controle sobre isso, é apenas… uma questão de confiança.” Ele diz.


Então teoricamente a pessoa poderia pegar e gastar tudo?


“Teoricamente, mas, não. Porque estamos na questão de confiança.”


Logo o sushi chegou. Bieber pediu dois rolinhos diferentes, um que é chamado de Paparazzi “Irônico, certo?” “Esse é o aperto, cara.” Ele diz e come um pouco. É camarão tempurá coberto com algum tipo de molho especial da Ilha. “Aqui, prove isso.” Ele diz oferecendo o prato. “Muito bom, certo?”


Pergunto ao Bieber o que mais ele mudou nos anos que se passaram. “Definitivamente estou mais maduro, sinto como se estivesse me carregando de uma forma mais forte. Não me comporto como um garoto.” Ele diz.


Ele passou por todos os ritos de passagem para ser um homem: Se formou no ensino médio, ganhou seu primeiro cartão de crédito e também seu primeiro caso de paternidade (mais tarde foi retirado, há uma música sobre isso à la Billie Jean no Believe). Ele diz que uma das coisas mais loucas é que agora ele possui a mesma idade que seu pai quando ele nasceu. “Eu poderia ter uma criança agora, isso é louco” Ele diz.


Pergunto se isso faz ele se sentir velho e ele balança a cabeça. “Isso faz eu me sentir muito jovem.”


Algun minutos depois, uma garota atraente em um vestido branco apertado anda até o banheiro e Bieber fica olhando. Por uns bons 10 segundos ele viaja totalmente. “Desculpe,” ele diz. “Esqueci sobre o que eu estava pensando.” 


Quando se trata de garotas , Bieber diz que é muito romântico. “Certifico-me de fazer os pequenos gestos.” Ele diz. “Como notar quando elas fazem o cabelo ou quando mudam a cor da unha. Também dizer coisas o tempo todo, como: ‘Você é muito bonita, você é linda.’ Coisas assim.” Pergunto se ele já se apaixonou e ele diz que sim. Então pergunto quantas vezes e há uma pausa de sete seguntos enquanto ele decide como responder. “Um… uma vez?”


Em alguns setores há a preocupação de que a relação de Bieber com Selena Gomez o prejudica entre seus fãs, não por causa de quem ela é (uma bonequinha fofa estrela da Disney), mas porque o fato de que ele possui uma namorada faz ele ser menos aquele objeto de fantasia.


“Pessoalmente acho que tudo isso é uma grande bobeira.” Braun diz. “É, existirão algumas garotas que se o virem com uma namorada, isso mata o sonho, mas também existirão garotas que se o verem com uma namorada e ouvirem as coisas românticas que ele faz, o desejarão ainda mais.” Como exemplo ele cita o encontro que Bieber preparou no ano passado, quando, inspirado pelo clássico Mr. Deeds que Adam Sandler atuou, ele reservou o Staples Center vazio para a noite, arranjou um jantar à luz de velas no meio do chão e passou o filne Titanic no telão.


”Tenho amigas de 30 anos que escutam isso e dizem, ‘Justin Bieber é o cara mais romântico no planeta.’” Braun diz. “Estou apaixonada por esse garoto.”


Em uma tarde, Braun de 31 anos está bebendo cerveja na sala de estar de sua mansão de 6 milhões de dólares nas colinas de Hollywood, com sua piscina infinita espalhando-se por Los Angeles. Usher, que junto com Braun lançou a carreira de Bieber, está aqui por poucos dias enquanto está na cidade, ele está sentado no sofá perto dele. Usher tem sido um mentor para Bieber, um modelo de como mudar de uma estrela teen à uma estrela adulta, mas também o lembra que muitos artistas não são mega estrelas para sempre.


Ambos entendem que esse é um momento muito importante para Bieber. “Acho que Justin possui uma competição consigo mesmo.” Braun diz. “Eu sei o quanto ele deseja isso e o quanto ele deseja que dure, e eu sei o quanto isso o mataria se ele perdesse.”


Usher tem uma teoria a respeito de como a trajetória de Bieber é. “Eu acho que em parte ele cresceu sem o pai.” Usher diz. “Ele é mais maduro do que a maioria dos adolescentes ou até do que homens jovens.” O pai de Bieber o deixou alguns meses depois que ele nasceu, e apesar de eles estarem em bons termos agora, Bieber foi essencialmente criado por sua mãe, e ele tem sido o ganha-pão de sua família desde pré-adolescente. É uma relação pela qual Braun ainda se sente tocado a respeito. “Não posso falar disso.” Ele diz sem graça. “Está tudo bem agora. O pai dele em sua vida.” Depois, quando perguntado sobre as várias figuras paternas de Bieber, Braun balança a cabeça, silenciosamente sibila a palavra “um,” e aponta para si mesmo.


Braun é empresário de Bieber desde quando ele tinha 13 anos, e eles possuem uma relação única. Braun é ferozmente protetor, mas também é bom em chamá-lo de ‘porcaria’. “Você já leu aquele artigo sobre Bieber ser uma criança no CSI?” Ele pergunta. Em 2010, Bieber apareceu em um episódio do CSI, após um dos atores dar uma entrevista o chamando de criança e contar uma história sobre ele trancar um produtor num closet. “Minha equipe me disse que tudo correu bem.” Braun diz. “Então eu liguei para saber disso. O produtor atendeu, ele é um cara nervoso e estava tipo, ‘Justin não é profissional. Ele colocou sua mão em um bolo e me trancou no closet…’ E eu disse, ‘Deixa eu te perguntar. Quando ele te trancou, você o disse que ficou bravo?’ Ele respondeu, ‘Não, precisava que ele trabalhasse, então eu ri.’ E eu disse, ‘Então ele viu que você reconheceu a brincadeira e disse que está tudo bem? Então, você é mais culpado do que ele. Ele é uma criança, está esperando que alguém o diga onde são os limites.’”


“No final, mesmo nos momentos mais egoístas dele, você só precisa mostrar que ele está sendo egoísta. Ele fica mais envergonhado com isso do que com qualquer coisa. Quando ele é mal educado, ele não é mal educado porque é famoso. Ele é mal educado porque é uma criança.” 


Braun diz que está longe de apressar Bieber a crescer, ele o encoraja a agir de modo condizente com sua idade. Alguns de seus momentos favoritos são aqueles onde Bieber esquece que é um superstar e age ao invés, como uma criancinha animada. No último mês de dezembro, quando Bieber se apresentou na Casa Branca como parte de um show anual de Natal. Depois todos foram cumprimentar Obama, o abordando com respeito: “Obrigado, Senhor Presidente.” “Prazer conhecê-lo, Senhor Presidente.” Então veio o Bieber, ele chegou perto, apertou a mão do Obama e disse “E aí, cara!?” O garoto que ainda não havia se formado no ensino médio disse ao presidente dos Estados Unidos. A resposta do Obama? “E aí, Biebs!?”


“Esse é o tipo de coisa que eu gosto.” Braun diz, sorrindo. “Isso é divertido. Ele ainda é uma criança.” 


Ele toma um gole da cerveja. “Claro, eu gostaria que ele puxasse as calças….”


De vez em quando, de acordo com suas funções como um profissional da música, Justin Bieber participa do processo de fazer música. Não parece que leva muito tempo, ele trabalha 45 minutos mais ou menos, mas é parte do processo que ele mais ama.


Em uma tarde, Bieber está no estúdio no oeste de Hollywood, no mesmo lugar onde Charlie Chaplin filmou Tempos Modernos e Michael Jackson e amigos gravaram We Are the World. Ele está aqui para fazer uma versão nova de seu próximo single, ‘As Long As You Love Me’, para as rádios. “Normalmente tem um rapper.” Ele explica o problema. “Mas muitos países não tocam rap, então temos que fazer uma versão sem.” Ao invés disso, estão gravando os vocais para efeitos. Um dos produtores de Bieber, Josh Gudwin, coloca a música e Bieber senta por alguns minutos, ouvindo a parte vocal e lendo a letra em um papel.


Quando ele está pronto, toma sua posição na cabine. A primeira linha é para cantar “Não preciso de dinheiro, não preciso de carros.” Bieber tenta cantar de diferentes maneiras, entonando diferentes notas, improvisando a letra. Seu falsete soa muito bem, em um tom menor. No décimo take, Gudwin acha que ele está perto: “Bom, me deixe ouvir as letras um pouco mais?” No décimo primeiro take: “Soa legal!” No décimo segundo: “Ohhh, foi horrível.” Décimo sétimo take: “Bom!”


Bieber continua indo dessa forma, construindo parte por parte. Para a próxima linha “Não preciso brilhar se conseguir seu coração.” Ele faz 12 takes. Para a próxima, “Batendo aqui, aqui comigo.” Ele faz 15. Na última linha – “Baby, isso é tudo o que eu preciso” Ele tenta alongar a última sílaba pelas 10 notas seguintes, então percebe que está fazendo muito isso e volta perfeitamente. Após 3 minutos, ele acaba e algum adolescente na Lituânia possui uma nova música favorita para pedir.


Bieber está prestes a deixar a cabine quando Josh lembra de mais uma coisa. “Oh, hey, você pode cantar rápidamente aquele ’18′ no ‘Acting up’?”
Ele está falando sobre uma música que Bieber fez com o rapper Asher Roth, outro cliente de Braun. Há uma frase sobre ter 17 anos nisso, porque quando ele gravou há alguns anoa atrás ele tinha 17, mas agora ele possui 18 e precisa mudar isso. Bieber canta os primeiros versos a cappella.


Dezoito anos e eu tenho que agir
Porque eu sou muito, muito solto
Sou muito solto
E eu não sei o porquê
Mas eu sei que vou ferozmente
Até o baixo começar, oh, meu…


“Obrigado.” Josh diz pelo interfone. “Era tudo que eu precisava.”
Josh toca a faixa novamente, e Bieber sai da cabine e escuta a si mesmo por alguns segundos. “Você gosta disso?” Ele pergunta. Eu digo que sim. “Obrigado.” Ele diz, radiante.


Braun diz que Bieber odiou a fama por um longo tempo. “Ele odiava não ser normal.” Ele diz. “Ele odiava ser diferente. Tivemos de apelar para grandes argumentos, ele se recusava a admitir que era famoso. Só no ano passado que ele finalmente aceitou o fato de que ‘essa é a minha vida e isso é normal.’”


Bieber está dançando pelo estúdio agora, mãos no alto. Ele está fazendo o rap junto com a gravação, um garoto de 18 anos no topo do mundo:


Baixo alto, mãos acima
Eu realmente não me importo
Eles dizem que não sou velho o suficiente
Mas eu sou jovem e ajo




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